O outro lado das Torcidas Organizadas
As primeiras
torcidas que possuíam organizações eram vistas como um grupamento de pessoas
que visavam apoiar seus clubes, com a utilização de instrumentos musicais, de uma
forma alegre e com a utilização de uniformes (PALHARES et al, 2012). Esse grupo
de pessoas eram conhecidas como torcidas uniformizadas, ou charangas. De acordo
com Toledo (1996), essas torcidas tinham uma estrutura básica de organização,
com o comando de uma só pessoa.
As primeiras torcidas uniformizadas
surgiram nos anos 40. Segundo Palhares et al (2012) em 1940 surge a Uniformizada
do São Paulo e, 1942 a Charanga do Flamengo. Essa estrutura de organização se
altera em torno de 1960. A nova organização de acordo com Sobrinho e César (2008),
não são centradas na figura de uma só pessoa, como as anteriores,
burocratizadas na sua estrutura organizacional, estatuídas, com presidente
eleito para um período determinado, conselho deliberativo, diretoria e sócios.
A partir de então o termo Torcidas Uniformizadas são alterados para Torcidas
Organizadas (TOLEDO, 1996). Segundo Pimenta (1997) o Grêmio Gaviões da Fiel,
com fundação em 1969 é considerada a primeira torcida organizada.
De acordo com Carneiro e Santos
(2009) torna-se visível uma massa anônima, mas que marca sua presença com
faixas, músicas, coreografias e que, em determinados momentos, toma a cena para
si. Homens e mulheres, de idades variadas, mas predominantemente adolescentes e
jovens, aglomeram-se em nome de uma paixão pelo time. Os autores ainda relatam
que embora as torcidas organizadas tenham como proposta tornar o espetáculo do
futebol mais representativo da mística do clube, elas têm estado relacionadas
também a episódios de violência entre torcedores.
Infelizmente a maior visibilidade da
mídia, dos autores e da população é para as ocorrências de violência. De acordo
com Sobrinho e César (2009) as torcidas organizadas possuem outras
características pouco comentadas e, que deveriam possuir maior visibilidade que
é o suposto papel social defendido pelos dirigentes de torcidas organizadas,
quando alegam que em vários momentos, nas periferias dos grandes centros
urbanos, são essas torcidas organizadas que promovem o lazer, se engajam em
campanhas filantrópicas e garantem a assistência médica. Para finalizar,
concordando com o fator social das torcidas organizadas, Palhares et al (2012)
chamam a atenção para a oferta de projetos sociais e aos serviços que as
torcidas prestam para seus associados e para comunidade.
Para melhor refletirmos faço a
seguinte pergunta: será que as Torcidas Organizadas são realmente somente esses
monstros que a mídia julga ser?
Referências
PALHARES,
M. F. S. et al. Lazer, agressividade e violência: considerações sobre o comportamento
das torcidas organizadas. Motriz, v.18,
n.1, p.186-199, mar 2012.
TOLEDO,
L. H. Torcidas organizadas de futebol.
Campinas: Autores Associados: Anpocs, 1996.
CARNEIRO,
H. F,; SANTOS, M. B. A lei e a anomia nas torcidas organizadas de futebol. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.60,
n.3, p.104-112, 2008.
SOBRINHO,
J. C.; CÉSAR, I. H. Torcidas organizadas de futebol: metamorfoses de um
fenômeno de massa. LEGERE, n.3, dez
2008.
PIMENTA,
C. A. M. Torcidas organizadas de
futebol: violência e auto-afirmação, aspectos da construção de novas relações
sociais. Taubaté: Vogal, 1997.
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