sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Skate feminino: uma história de desigualdade, preconceitos e conquistas.

            O skate pode ser considerado uma das práticas esportivas que mais adquiriu visibilidade nos últimos anos, porém quando se fala de skate, logo associamos ao universo masculino (MACHADO, 2013). O autor não associa o esporte as mulheres, pelo fato de que o skate exige demasiado esforço e resistência, além de ser visto pelo senso comum como perigoso e, de risco físico, características julgadas masculinas. Discordando do o autor citado anteriormente, Araújo (1999) relata que em 1970 nos EUA já existia skate feminino, e que no Brasil em 1980, o skate feminino possuía algumas representantes, que não prosseguiram na carreira por falta de incentivo.
            Uma das representantes do skate feminino na década de 80, era Leni Cobra. A atleta segundo Figueira e Goellner (2009), contribuiu muito para o crescimento do esporte, abrindo portas para o skate feminino. Leni foi a primeira campeã brasileira da modalidade em 1987. O campeonato brasileiro de skate feminino decaiu, voltando a ganhar força somente em 1995, quando foi realizado a primeira competição da década, tendo como vencedora Giuliana Ricomini (GOELLNER; JAEGER; FIGUEIRA, 2010). Segundo Leine (2005) muitas coisas mudaram no skate feminino no decorrer dos anos, e apesar de muitas barreiras serem quebradas, o skate feminino tem muito o que evoluir.
            Dentre as evoluções necessárias, Leine (2005) relata que falta aos organizadores colocarem a categoria feminina com premiação justa igual a masculina, falta as meninas se unirem mais, falta os meninos darem mais chance para as meninas nas pistas, entre outras evoluções. Dentre essas outras evoluções, está presente um maior apoio dos meios de comunicação, pois os mesmo ainda enxergam o skate como sendo somente do universo masculino. Figueira e Goellner (2009) trazem como exemplo o Circuito Internacional de 2005, no qual algumas revistas relacionadas a modalidade trouxeram nas suas colunas apenas os títulos dos homens que venceram aquele circuito, sendo que a atleta Karen Jones também obteve o título e , nem se quer teve seu nome mencionado.
            Esses fatos são lamentáveis, tendo em vista que o crescimento do números mulheres praticando skate vem crescendo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, divulgada em março de 2010, estima-se que exista aproximadamente 3.860.000 praticantes de skate no Brasil, sendo 10% deles mulheres (MACHADO, 2013). Apesar da desigualdade, Machado (2013) relata que a mobiliza feita pelo skate feminino vem surtindo efeito, dando como exemplo a organização do x-games, que revelou que a partir de 2008 a premiação atribuída para as mulheres seria semelhante as dos homens. Além disso aos poucos surgem publicações, vídeos, produtos voltados as skatistas, sendo possível visualizar nas ruas mais mulheres sobre as quatro rodinhas.



Referências

MACHADO, G.M.C. As mulheres e o “carrinho”: gênero e corporalidade entre as skatistas. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 10., 2013, Florianópolis. Anais Eletrônicos, 2013.

ARAÚJO, L. Evolução. Check it out girls, Los Angeles, v. 6, p.1-3, dez. 1999.

FIGUEIRA, M.L.M.; GOELLNER, S.V. Skate e Mulheres no Brasil: fragmentos de um esporte em construção. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v.30, n.2, p.95-110, maio 2009.

GOELLNER, S.V.; JAEGER, A.A.; FIGUEIRA, M.L.M. Mulheres e Esporte: invisibilidade visíveis no skate e no fisiculturismo. Revista Gênero, v.10, n.2, p.293-310, 2010.


LEINE, E. Skate não é só para meninos. Revista 100% Skate, Ano 10, n. 85, abril de 2005.

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