sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O outro lado das Torcidas Organizadas

            As primeiras torcidas que possuíam organizações eram vistas como um grupamento de pessoas que visavam apoiar seus clubes, com a utilização de instrumentos musicais, de uma forma alegre e com a utilização de uniformes (PALHARES et al, 2012). Esse grupo de pessoas eram conhecidas como torcidas uniformizadas, ou charangas. De acordo com Toledo (1996), essas torcidas tinham uma estrutura básica de organização, com o comando de uma só pessoa.
            As primeiras torcidas uniformizadas surgiram nos anos 40. Segundo Palhares et al (2012) em 1940 surge a Uniformizada do São Paulo e, 1942 a Charanga do Flamengo. Essa estrutura de organização se altera em torno de 1960. A nova organização de acordo com Sobrinho e César (2008), não são centradas na figura de uma só pessoa, como as anteriores, burocratizadas na sua estrutura organizacional, estatuídas, com presidente eleito para um período determinado, conselho deliberativo, diretoria e sócios. A partir de então o termo Torcidas Uniformizadas são alterados para Torcidas Organizadas (TOLEDO, 1996). Segundo Pimenta (1997) o Grêmio Gaviões da Fiel, com fundação em 1969 é considerada a primeira torcida organizada.
            De acordo com Carneiro e Santos (2009) torna-se visível uma massa anônima, mas que marca sua presença com faixas, músicas, coreografias e que, em determinados momentos, toma a cena para si. Homens e mulheres, de idades variadas, mas predominantemente adolescentes e jovens, aglomeram-se em nome de uma paixão pelo time. Os autores ainda relatam que embora as torcidas organizadas tenham como proposta tornar o espetáculo do futebol mais representativo da mística do clube, elas têm estado relacionadas também a episódios de violência entre torcedores.
            Infelizmente a maior visibilidade da mídia, dos autores e da população é para as ocorrências de violência. De acordo com Sobrinho e César (2009) as torcidas organizadas possuem outras características pouco comentadas e, que deveriam possuir maior visibilidade que é o suposto papel social defendido pelos dirigentes de torcidas organizadas, quando alegam que em vários momentos, nas periferias dos grandes centros urbanos, são essas torcidas organizadas que promovem o lazer, se engajam em campanhas filantrópicas e garantem a assistência médica. Para finalizar, concordando com o fator social das torcidas organizadas, Palhares et al (2012) chamam a atenção para a oferta de projetos sociais e aos serviços que as torcidas prestam para seus associados e para comunidade.
            Para melhor refletirmos faço a seguinte pergunta: será que as Torcidas Organizadas são realmente somente esses monstros que a mídia julga ser?



Referências
PALHARES, M. F. S. et al. Lazer, agressividade e violência: considerações sobre o comportamento das torcidas organizadas. Motriz, v.18, n.1, p.186-199, mar 2012.
TOLEDO, L. H. Torcidas organizadas de futebol. Campinas: Autores Associados: Anpocs, 1996.
CARNEIRO, H. F,; SANTOS, M. B. A lei e a anomia nas torcidas organizadas de futebol. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.60, n.3, p.104-112, 2008.
SOBRINHO, J. C.; CÉSAR, I. H. Torcidas organizadas de futebol: metamorfoses de um fenômeno de massa. LEGERE, n.3, dez 2008.

PIMENTA, C. A. M. Torcidas organizadas de futebol: violência e auto-afirmação, aspectos da construção de novas relações sociais. Taubaté: Vogal, 1997.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O preconceito contra os negros no esporte
            No Brasil o preconceito contra os negros, conhecido como racismo, é mascarada pela sua sutileza (CAMINO et al, 20010). Os autores em sua pesquisa com universitários, identificaram que a força da norma anti-racista leva as pessoas a evitarem assumir atitudes preconceituosas, mascarando o problema. Esse tema polêmico, continua sendo sustentado por mitos, meias palavras e preconceitos que acabam distorcendo e muitas vezes superficializando o debate (BURKE, 2005).
            No esporte as atitudes não são distintas. Na década de 50, em um momento de crise esportiva, ocorreu grande desconfiança por parte da elite brasileira que sentia-se insegura em ser representados por jogadores negros (CASTRO, 1995).  De acordo com Rodrigues (2004) o futebol chegou a criar um estilo único no início do século XX, no qual jogadores negros evitavam entrar em contato com jogadores brancos para não criar situações propensas a brigas e, para isso utilizavam dribles, ginga e talento.
Segundo González e Martín (2006) atualmente a presença de negros no esporte ganhando elevados salários poderia passar a impressão que no meio esportivo o racismo não existe mais, mas esse fato não é verdade. Percebemos esse tipo de preconceitos quando nos deparamos que no Brasil existem poucos técnicos, dirigentes, presidentes de federações e confederações negros. Além disso em um passado recente vários jogadores foram alvos de insultos racistas, como no caso do goleiro Aranha, no incidente atleta do Santos, que foi ofendido por torcedores com xingamentos e sons semelhantes ao de macacos. Fato semelhante ocorreu em um partida de vôlei e, deve ocorrer em diversas outras ocasiões, porém sem divulgação. Nesse 20 de novembro, dia da consciência negra, deixamos a seguinte pergunta: ATÉ QUANDO?



Referências

CAMINO, L.; et al. A Face Oculta do Racismo no Brasil: Uma Análise Psicossociológica. Revista Psicologia Política, v.1, n.1, p.13-36, 2001.

BURKE, M.L.P.Sobre Gilberto Freyre: um vitoriano nos trópicos. São Paulo: UNESP. 2005.

CASTRO, R. Estrela solitária: um brasileiro chamado Garrincha. São Paulo: Companhia das Artes. 1995.

Rodrigues, F.X.F. Modernidade, disciplina e futebol: uma análise sociológica da produção social do jogador de futebol no Brasil. Sociologias, v.6, n.11, p.260-299, 2004.

González, J.D.; Martín, P.J.J. Fútbol y Racismo: un problema científico y social. Revista Internacional de Ciencias del Deporte, v.2, n.3, p.68-94, 2006.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Um breve histórico do início do vôlei de praia
           
          Assim como vários outros esportes, o vôlei de praia surgiu nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia (JUNIOR, 2012). Segundo Afonso e Júnior (2012) esse surgimento se deu no início do século XX, logo após a Primeira Guerra Mundial. Os autores ainda afirmam que o vôlei de praia é uma modalidade derivada do voleibol. O primeiros praticantes aderiram a modalidade em forma de lazer (AFONSO, 2004) e, sendo praticado geralmente 4 contra 4 ou 6 contra 6 (JUNIOR, 2012).
            O vôlei de praia chegou ao Brasil somente na década de 30, inicialmente nas praias de Copacabana, Itapema e Leblon (AFONSO, 2004). De acordo com Vlastuin e Pilatti (2005) os primeiros praticantes eram jogadores formados nos clubes do vôlei do Rio de Janeiro que realizavam as partidas de forma recreativa. Em seguida sua prática foi difundida por toda costa nacional, para posteriormente chegar no interior do país, longe das praias (AFONSO, JÚNIOR, 2012). De acordo com os autores, em menos de 15 anos o vôlei de praia brasileiro de tornou referência internacional.
            Não demorou muito para os campeonatos surgirem, sendo o 1º mundial realizados no ano de 1987, em Copacabana (Rio de Janeiro). As duplas foram classificadas através de um campeonato, se classificando duplas do Japão, México, Argentina, Chile, Itália e Brasil, além das duplas mais conhecidas norte-americanas que foram convidadas para o competição (JUNIOR, 2012). O primeiro Campeonato Brasileiro aconteceu em 1989, sendo conquistado por uma dupla pernambucana. Em 1990 foi realizada a primeira etapa do Circuito Mundial de Vôlei de Praia masculino, disputado em Copacabana (VÔLEI DE PRAIA, 1990). A competição feminina ocorreu somente 3 anos depois. Em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, a modalidade realizava sua estréia.
            Apesar de ser considerada uma modalidade atual, ou seja, seu surgimento foi tardio em comparação a outros esportes tradicionais. O vôlei de praia conquistou seu espaço e, muitos adeptos, sendo atualmente uma modalidade praticada profissionalmente e, em forma de lazer por muitas pessoas.



Referência

VLASTUIN, J.; PILATTI, L.A. Na ‘rede’ do vôlei de praia: um produto moderno no campo esportivo. Efdesportes, Bueno Aires, v.10, n.84, mai 2005 http://www.efdeportes.com/efd84/rede.htm. Acesso em: 13 nov. 2015.

JUNIOR, N.K.M. História do voleibol na areia. Efdesportes, Buenos Aires, v.17, n.171, ago.2012. http://www.efdeportes.com/efd84/rede.htm. Acesso em: 13 nov. 2015.

AFONSO, G.F.; JÚNIOR, W.M. Como pensar o voleibol de praia socialogicamente. Motriz, v.18, n.1, p.72-83, mar 2012.

AFONSO, G. F. Voleibol de praia: uma análise sociológica da história da modalidade (1985-2003). Curitiba, 2004. 223 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Federal do Paraná. p. 80


Vôlei de Praia (1990). Caminhos na areia. Vôlei de Praia 1(2):5-9

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O crescimento do tênis brasileiro possui nome e sobrenome.

Os esportes segundo Gaya (2006) estão divididos em quatro segmentos: o esporte de alto rendimento, o esporte escolar ou como meio para educação, o esporte de lazer e o esporte de reabilitação. Por conta dessa divisão, os adeptos buscam as práticas com objetivos distintos, dando ao esporte um significado plural e com diferentes sentidos (CORTELA et al, 2012). Os autores ainda afirmam que o número de praticantes na sociedade contemporânea cresce cada vez mais.
            O tênis não é exceção quando o assunto é o crescimento no número de adeptos. Segundo Hirota et al (2011) o tênis é um dos esportes que mais cresceram nos últimos anos, se tornando umas das modalidades mais praticadas no mundo (CORTELA et al, 2012). Segundo Teles e Salve (2004) o Brasil sofreu um aumento na demanda pela prática do tênis, após a vitória do brasileiro Gustavo Kuerten em Rolland Garros, em 1997. Após o título de 1997, vieram mais o de 2000 e de 2001 no mesmo local. Essas inesquecíveis conquistas do brasileiro impulsionaram o mercado interno, criando um movimento chamado de “Era Guga”, no qual se observou um aumento significativo no número de adeptos (MUELLER, MIRANDA, 2006).
            Após a “Era Guga” as quadras públicas, de escolas e clubes estão cada vez mais cheias e concorridos, as acadêmias de tênis têm cada vez mais alunos interessados em aprender esse esporte (TELES, SALVE, 2004). Porém segundo Muller e Rodrigues (2009) o tênis ainda é considerado um esporte de elite, sendo restrito a uma pequena parcela da população. Além dessa limitação citada, a escassez de profissionais capacitados têm ausentado o tênis do ambiente escolar, deixando de atender uma enorme parcela da população (DIAS, 2002). Apesar da modalidade conter alguns empecilhos para a continuidade do seu crescimento, fica evidente que o tênis brasileiro é um antes da “Era Guga” e, outro após as conquistas do tenista.



Referências

GAYA, A. Corpos esportivos: O esporte como campo de investigação científica. In: TANI, G.; BENTO, J.O.; PETERSEN, R.D.S. Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 101-112.

CORTELA, C.C.; et al. Iniciação esportiva ao tênis de campo: um retrato do programa play and stay à luz da pedagogia do esporte. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, v.10, n.2, p.214-234, ago 2012.

HIROTA, V.B.; et al. A influência da origem motivacional durante o treinamento de atletas iniciantes no tênis de campo. Revista Mackenzie de Educação Física, v.10, n.2, 2011.
TELES, W.A.; SALVE, M.G.C. Qualidade de vida através do tênis. Movimento & Percepção, v.4, n.4, p.28-39, dez 2004.

MUELLER, J.; MIRANDA, M. Tênis. In DA COSTA, L. Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2006. p. 8.70-8.72.

MUELLER, J.; RODRIGUES, O.A.F. O tênis nas escolas: uma prática apropriada a cultura escolar. In: BALBINOTTI, C. et al. O ensino do tênis: novas perspectiva de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 61-79.


DIAS, J. M. et al. O ensino e aprendizagem de Tênis nos cursos de Educação Física. In: JORNADA INTERNACIONAL DE TREINAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TÊNIS, 4. Florianópolis, 2002. Anais... Florianópolis: NETEC, 2002. p. 105-107.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A importância de profissionais para prevenção de lesões em praticantes de corrida de rua.

            Atualmente, existe uma crescente onda de campanhas recomendando a prática de atividades físicas. Uma dessas atividades é a corrida de rua, segundo Pazin et al (2008) essa atividade física tem aumentado significativamente nos últimos anos em todo o país. A corrida de rua torna-se popular, pois é um esporte de baixo custo e de fácil adaptação (OLIVEIRA; et al, 2012). Truccolo, Maduro e Feijó (2008) no seu estudo, relatam que o aumento do condicionamento físico e a saúde, são os principais fatores que levam os indivíduos a praticarem a corrida de rua.
            Segundo Pazin et al (2008) a prática da corrida de longa duração traz uma série de benefícios aos praticantes, porém existem implicações negativas. No caso de corredores amadores, as lesões são comuns tendo prevalência entre 14 e 50% ao ano (PAZIN; et al, 2008). Segundo Fredericson e Misra (2007) boa parte dos problemas oriundos dessa prática podem ser evitados por meio de uma adaptação adequada ao treinamento. Segundo American Heart Association (1986) a participação indiscriminada é preocupante, pois o estado físico do indivíduo deveria ser melhor avaliado, uma vez que é definido como um fator de risco primário ou maior para doença coronariana. Para evitar esses problemas, é necessário uma preescrição e um acompanhamento de um profissional da área.
            Além do acompanhamento de um profissional de educação física, existe a necessidade do auxílio de um(a) nutricionista para prevenir lesões, pois segundo Oliveira et al (2012) a nutrição na prática da corrida de rua, é um dos fatores que influência na perda de desempenho e nas lesões dos praticantes. Goston e Mendes (2011) observaram no seu estudo que o consumo de macronutrientes nos praticantes de corrida de rua, estão abaixo do recomendado, sendo inadequado para a prática. Os autores ainda afiram que uma dieta pobre em carboidrato pode afetar a massa muscular, ocasionando em baixas reservas de glicogênio no músculo, aumentando o risco de fadiga, entre outros problemas.
            Para concluirmos, concordando com Oliveira et al (2012), que chama atenção no seu estudo para a necessidade de formar uma equipe de multiprofissionais para atender praticantes de corrida de rua, auxiliando-os na prevenção de lesões.



Referências

PAZIN, J.; et al, Corredores de rua: características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v.10, n.3, p.277-282, 2008.

OLIVEIRA, D.G.; et al. Prevalência de lesões e tipo de treinamento de atletas amadores de corrida de rua. Corpus et Scientia, v.8, n.1, p.51-59, jun 2012.

TRUCCOLO, A.B.; MADURO, P.A.; FEIJÓ, E.A. Fatores Motivacionais de adesão a grupos de corrida. Motriz, v.14, n.2, p.108-114, jun 2008.

Fredericson M, Misra AK. Epidemiology and an etiology of marathon running injuries. Sports Med, v.37, n.5,  2007.
American Heart Association. Statement on exercise, 1992.

GOSTON, J.L.; MENDES, L.L. Perfil nutricional de praticantes de corrida de rua de um clube esportivo da cidade de Belo Horizonte, MG, Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 17, n. 1, p. 13-17, fev 2011.


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

As consequências da iniciação esportiva precoce

            Atualmente, não é raro encontrar crianças e adolescentes sendo submetidos a treinamentos intensos e desaconselháveis para suas idades (TSUKAMOTO; NUNOMURO, 2003). Segundo os autores, isto ocorre porque existe uma crença de que se iniciados precocemente no esporte os resultados aparecerão mais rapidamente. Essa iniciação esportiva, tradicionalmente é conhecida como o período no qual a criança e\ou adolescente começa a aprender, de forma específica, a prática de um ou vários esportes (RAMOS; NEVES, 2008). Para Kunz (1994) essa iniciação esportiva se torna precoce quando  as crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um treinamento planejado e organizado a longo prazo.
            Esse tipo de treinamento pode gerar uma série de consequências. Negrão (1984) relata que a iniciação precoce pode ocorrer no sentido contrário ao das necessidades (biológicas, motoras, sociais e psicológicas) das crianças, podendo levar ao abandono precoce da prática. Para Tsukamoto e Nunomuro (2003) o esporte de auto nível na infância e adolescência pode trazer prejuízos de natureza psicológica e de desenvolvimento social. Os autores ainda relatam que os treinamentos intensos para alcançar o alto nível, pode acarretar alterações no processo maturacional. Segundo Gallahue e Ozmun (1998) esta maturação caracteriza-se como a busca pela estabilidade através de mudanças qualitativas que se processam em dois contextos distintos: o biológico e o comportamental.
            A iniciação esportiva, mesmo que precoce, pode trazer também benefícios para o praticante, porém para que isso aconteça é necessário levar em consideração a fase de desenvolvimento do iniciante, pois se deve respeitar a necessidade de experiências para a maturação somática e ainda tomar cuidado com traumas e\ou impactos longitudinais nos membros da criança que está em crescimento (RAMOS; NEVES, 2008). Para a Féderation Internationale de Médicine Sportive (1997), a experiência no esporte contribui para o desenvolvimento físico, emocional e intelectual dos praticantes, além de estimular a auto-confiança e o comportamento social esperado pela sociedade.  
            Podemos considerar como abusivo o fato de submeter crianças, que se encontram em um período sensível, às condições estressantes de um treinamento esportivo e de competições organizadas por adultos (MARQUES; OLIVEIRA, 2002). Infelizmente, esse tipo de procedimento ainda é comum, e assim continuará sendo enquanto muitos técnicos e pais insistirem em tornar crianças miniaturas de atletas (SOBRAL, 1993).



Referências

TSUKAMOTO, M.H.C.; NUNOMURO, M. Aspectos maturacionais em atletas de ginástica olímpica do sexo feminino. Motriz, v.9, n.2, p.119-126, ago 2003.

RAMOS, A.M.; NEVES, R.L.R. A iniciação esportiva e a especialização precoce à luz da teoria da complexidade – notas introdutórias. Pensar a Prática, v.11, n.1, p.1-8, jul 2008.

KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994

NEGRAO, C. E. Os mini-campeões. Medicina & Esporte. Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 27-31, 1984.

GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Understanding Motor Development: infants, children, adolescents, and adults. Indianapolis: Benchmark Press, 1998.

FÈDERATION INTERNATIONALE DE MÉDICINE SPORTIVE. Treinamento físico em crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Medicina Esportiva, São Paulo, v. 3 n. 4, p. 122-124, 1997.

MARQUES, A.T.; OLIVEIRA, J. Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde. In: BARBANTI, V.J.; AMADIO, A.C.; BENTO, J.O.; MARQUES, A.T. O treino e a competição dos mais novos: rendimento X saúde. Barueri: Manole, 2002. p. 51 –78.

SOBRAL, F. O estado de prontidão desportiva – uma questão crucial do desporto infanto–juvenil. Revista Horizonte, Lisboa, v. 10, n. 58, p. 133-137, 1993.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Skate feminino: uma história de desigualdade, preconceitos e conquistas.

            O skate pode ser considerado uma das práticas esportivas que mais adquiriu visibilidade nos últimos anos, porém quando se fala de skate, logo associamos ao universo masculino (MACHADO, 2013). O autor não associa o esporte as mulheres, pelo fato de que o skate exige demasiado esforço e resistência, além de ser visto pelo senso comum como perigoso e, de risco físico, características julgadas masculinas. Discordando do o autor citado anteriormente, Araújo (1999) relata que em 1970 nos EUA já existia skate feminino, e que no Brasil em 1980, o skate feminino possuía algumas representantes, que não prosseguiram na carreira por falta de incentivo.
            Uma das representantes do skate feminino na década de 80, era Leni Cobra. A atleta segundo Figueira e Goellner (2009), contribuiu muito para o crescimento do esporte, abrindo portas para o skate feminino. Leni foi a primeira campeã brasileira da modalidade em 1987. O campeonato brasileiro de skate feminino decaiu, voltando a ganhar força somente em 1995, quando foi realizado a primeira competição da década, tendo como vencedora Giuliana Ricomini (GOELLNER; JAEGER; FIGUEIRA, 2010). Segundo Leine (2005) muitas coisas mudaram no skate feminino no decorrer dos anos, e apesar de muitas barreiras serem quebradas, o skate feminino tem muito o que evoluir.
            Dentre as evoluções necessárias, Leine (2005) relata que falta aos organizadores colocarem a categoria feminina com premiação justa igual a masculina, falta as meninas se unirem mais, falta os meninos darem mais chance para as meninas nas pistas, entre outras evoluções. Dentre essas outras evoluções, está presente um maior apoio dos meios de comunicação, pois os mesmo ainda enxergam o skate como sendo somente do universo masculino. Figueira e Goellner (2009) trazem como exemplo o Circuito Internacional de 2005, no qual algumas revistas relacionadas a modalidade trouxeram nas suas colunas apenas os títulos dos homens que venceram aquele circuito, sendo que a atleta Karen Jones também obteve o título e , nem se quer teve seu nome mencionado.
            Esses fatos são lamentáveis, tendo em vista que o crescimento do números mulheres praticando skate vem crescendo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, divulgada em março de 2010, estima-se que exista aproximadamente 3.860.000 praticantes de skate no Brasil, sendo 10% deles mulheres (MACHADO, 2013). Apesar da desigualdade, Machado (2013) relata que a mobiliza feita pelo skate feminino vem surtindo efeito, dando como exemplo a organização do x-games, que revelou que a partir de 2008 a premiação atribuída para as mulheres seria semelhante as dos homens. Além disso aos poucos surgem publicações, vídeos, produtos voltados as skatistas, sendo possível visualizar nas ruas mais mulheres sobre as quatro rodinhas.



Referências

MACHADO, G.M.C. As mulheres e o “carrinho”: gênero e corporalidade entre as skatistas. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 10., 2013, Florianópolis. Anais Eletrônicos, 2013.

ARAÚJO, L. Evolução. Check it out girls, Los Angeles, v. 6, p.1-3, dez. 1999.

FIGUEIRA, M.L.M.; GOELLNER, S.V. Skate e Mulheres no Brasil: fragmentos de um esporte em construção. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v.30, n.2, p.95-110, maio 2009.

GOELLNER, S.V.; JAEGER, A.A.; FIGUEIRA, M.L.M. Mulheres e Esporte: invisibilidade visíveis no skate e no fisiculturismo. Revista Gênero, v.10, n.2, p.293-310, 2010.


LEINE, E. Skate não é só para meninos. Revista 100% Skate, Ano 10, n. 85, abril de 2005.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A superação das mulheres nos Jogos Olímpicos.

No final do século XIX as mulheres passaram a ocupar espaços públicos, fato que cresce no período pós-guerra (DERÓS; GOELLNER, 2009). Segundo Goellner (2006), nesse mesmo período as mulheres brasileiras são inseridas no mundo do esporte, porém é a partir da primeira década do século XX que a participação se amplia, criando maior visibilidade. A princípio somente as mulheres da elite demonstravam, em espaços públicos, seus aprendizados e talentos esportivos. Geralmente eram modalidades como tênis e hipismo (SCHPUN, 1997). Porém nenhum dos esportes citados foram os pioneiros, perante a participação das mulheres nos Jogos Olímpicos.
 A primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíadas, foi a atleta de natação Maria Lenk. A atleta disputou os jogos de Los Angeles, 1932. Nessa ocasião, a delegação brasileira contava com 67 atletas, sendo Maria Lenk a únicas mulher (ROMARIZ; DEVIDE; VOTRE; 2007). Os autores afirmam que em outras ocasiões, como nas Olimpíadas de 1956  a delegação brasileira esteve presente somente com uma mulher, a atleta dos saltos ornamentais Mary Dalva Proença. A segunda mulher a ir para os Jogos Olímpicos foi Wanda dos Santos. A atleta participou dos jogos de 1952 (Helsinque) e 1960 (Roma), na qual foi a única representante mulher. Em 1964, nos jogos de Tóquio, Aída dos Santos, também a única mulher da delegação, conquista o quarto lugar no salto em altura, sem possuir técnico (GOELLNER, 2006). Segundo Romariz, Devide e Votre (2007), a atleta desfilou nesses jogos com um uniforme improvisados por ela própria, pois os organizadores da equipe brasileira não confeccionaram uniforme feminino, além de deixarem-na sozinha e sem assistência na parte feminina do evento.
Segundo Goellner (2006), a participação das atletas brasileiras nos Jogos Olímpicos cresceu significativamente a partir dos anos 70, sendo que a primeira premiação com o ouro olímpico, aconteceu em Atlanta (1996), com a dupla do vôlei de praia Jackie Silva e Sandra Pires. Nessa mesma Olimpíada as vice-campeãs da mesma modalidade foram as também brasileiras Mônica Rodrigues e Adriana Samuel (ROMARIZ; DEVIDE; VOTRE; 2007). A vitória foi tão marcante, que os autores relatam que, a atleta Sandra Pires teve a honra de levar a bandeira brasileira no desfile de abertura dos jogos Olímpicos de 2000, sendo a primeira mulher a alcançar esse feito. Os número de mulheres participantes dos jogos foi crescendo significativamente, sendo que nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, a delegação brasileira foi com 277 atletas, sendo 144 homens e 133 mulheres (DERÓS; GOELLNER, 2009).
Percebemos que as mulheres adquiriram diversas conquistas com o passar do tempo, porém para Goellner (2006) as condições de acesso e participação ainda não são as mesmas comparado com os homens. Os autores trazem alguns exemplos como a visibilidade conferida pela mídia, nos valores de premiações, entre outras.


Referências

DÉROS, C.C.; GOELLNER, S.V. As mulheres na gestão do esporte brasileiro: um estudo pioneiro. Revista Movimento, v.15, n.02, p.235-242, jun 2009.

GOELLNER, S.V. Mulher e esporte no Brasil: entre incentivos e interdições elas fazem história. Pensar a Prática, v.08, n.01, p.85-100, jul 2006.

SCHPUN, M. R. Códigos sexuados e vida urbana em São Paulo: as práticas esportivas da oligarquia nos anos vinte. In: SCHPUN, M. R. (org.). Gênero sem fronteiras. Florianópolis: Editora Mulheres, 1997.


ROMARIZ, S.B.; DEVIDE, F.P.; VOTRE, S. Atleta, substantivo feminino: as mulheres brasileira nos Jogos Olímpicos. Revista Movimento, v.13, n.01, p.207-216, dez 2007.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

As mudanças nos estilos do salto em altura

            O surgimento do atletismo segundo Dornelles (2008), foi graças as habilidades necessárias para a sobrevivência do homem primitivo. O autor trás como exemplo a corrida para perseguir sua caça, os saltos para fugir dos predadores e os lançamentos de objetos, como paus e pedras, para atacar animais. Por conta dessa história primitiva, o atletismo é a única modalidade que esteve presente em todas as versões das Olimpíadas, desde a antiguidade, idades moderna e contemporânea (GEMENTE, 2010).
            Segundo Gemente (2010) o atletismo é definido como um esporte com provas de pistas (corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha e marcha atlética. Cada modalidade possui sua trajetória, com suas origens e mudanças (MIRANDA, 2007).
            No salto em altura, existem diferentes estilos, técnicas ou formas de transposição do sarrafo, como por exemplo o estilo tesoura, o “rolo ventral” e o “Fosbury Flop”, utilizado por Richard Douglas Fosbury em 1968, nos Jogos Olímpicos do México (MATTHIESEN, 2010) e, que é o mais utilizado atualmente.  As mudanças existiram, e com a evolução dos estilos os atletas perceberam que conseguiam superar suas marcas e, melhorar seus saltos. Porém alguns autores afirmam que as fases para o salto continuam as mesmas, mudando apenas o modo de aplica-las, sendo elas a corrida de aproximação, vôo e a queda.
            Segundo Dangelo e Fattini (2007), no estilo “Fosburi Flop”, na corrida de aproximação o atleta realiza uma curva, acelerando na primeira parte (reta) e controlando a velocidade (atingindo uma velocidade ótima) na segunda parte (curva). Na primeira parte da fase vôo (enquanto o atleta está subindo), a posição do final da chamada deve ser mantida e o braço do lado da perna livre é lançado para cima paralelamente ao sarrafo. Ao passar por cima do sarrafo o atleta deve arquear as costas e baixar as pernas e a cabeça, tentando ficar o mais descontraído possível. A fase da queda é feita sobre as costas e o seu principal objetivo é evitar lesões. Esse salto é o mais evoluído tecnicamente e, por sua vez o mais utilizado entre os atletas atualmente.



Referências

DORNELLES, L.A. Atletismo. Caderno Universitário da Disciplina Atletismo. Gravataí, RS: ULBRA, 2008.

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. São Paulo: Editora Atheneu, 2007.

GEMENTE, F. F. Apostila de Licenciatura em Educação Física na modalidade a distância UFG, 2010.

MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.


MIRANDA, C.F. Como se vive de Atletismo: um estudo sobre profissionalismo e amadorismo no esporte, com olhar para as configurações esportivas. 2007. 136 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre 2007.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Basquete de rua

            O streetball, conhecido no Brasil como basquete de rua, surge nos guetos novaiorquinos na década de 70. Segundo Oliveira Filho (2006), o streetball emergiu nas praças e ruas dos bairros da periferia das grandes cidades americanas. O autor ainda afirma que as partidas eram feitas em quadras abertas, parques, embaixo de viadutos, mas sobretudo na rua. O streetball surge no mesmo lugar e ao mesmo tempo em que o movimento hip hop dava seus primeiros passos, pois segundo Jesus e Votre (2012) o basquete de rua está associado ao movimento hip hop e geralmente é praticado ao som do rap.
Segundo Canan e Silva (2013), o basquete de rua pode ser caracterizado sob duas concepções: prática informal do basquetebol tradicional; ou prática própria, que detém elementos do basquetebol tradicional, mas diferencia-se do mesmo em alguns aspectos, possuindo signos e códigos próprios. De acordo com Jesus e Votre (2012) são utilizadas as regras básicas do basquete convencional. Mas há diferenças como por exemplo: é jogado apenas em meia quadra, tendo apenas uma tabela (OLIVEIRA FILHO, 2006).
O street ball  possui como principal característica os movimentos, que se tornam mais importantes do que a marcação da própria cesta (JESUS, VOTRE, 2012). No basquete de rua predomina o caráter lúdico do jogo, com a liberdade de movimentos e improvisação, o que é pouco admitido no basquete tradicional (SILVA, CORREIA, 2008). Segundo Jesus e Votre (2012) são mais valorizados o estilo, a habilidade e a criatividade do jogador do que a altura para o jogo, pois as jogadas de efeito são o ponto alto do esporte, com o uso de recursos para “desconsertar” o adversário.
Atualmente a modalidade conta com inúmeros praticantes e, com competições nacionais e internacionais. Podemos citar como exemplo a liga internacional de basquete de rua, que foi denominada de Reis da Rua. Segundo Jesus e Votre (2012), a liga foi criada em 2009, pela CUFA (Central Única das Favelas). Os autores ainda relatam que o campeonato nacional contempla o público feminino e juvenil, porém ainda em menor número em relação as equipes masculinas.



Referências

OLIVEIRA FILHO, A. História do streetball. Rio de Janeiro, dezembro, 2006.

JESUS, A.C.A.; VOTRE, S. Basquete de rua na cidade do Rio de Janeiro. Pensar a Prática, v.15, n.4, p.933-947, dez 2012.

CANAN, F.; SILVA, R.V. Considerações histórico-sociológicas acerca do basquete de rua e suas possíveis relações com a educação física escolar. Caderno de Educação Física e Esporte, v.11, n.1, p.65-77, jun 2013.

SILVA, C. A. F.; CORREIA, A. M. Espetáculo e reflexividade: a dimensão estética do basquete de rua. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 30, n. 1, p. 107-122, 2008.


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O judô e suas técnicas.

    A criação do judô aconteceu em 1882, por Jigoro Kano (BARSOTTINI, GUIMARÃES, MORAIS, 2006). Segundo Santos (1992) o judô é uma modalidade esportiva que foi edificada em bases filosóficas, essas bases são de grande valor na formação do indivíduo (BARSOTTINI, GUIMARÃES, MORAIS, 2006). Soares (2003) vai adiante, e relata que para um judoca conseguir vitórias rápidas, além de possuir experiências em situações da vida, necessita de técnicas perfeitas para a execução do golpe.
    Segundo Franchini e Sterkowicz (2003), durante o período da luta os competidores tentam obter pontos por meio de diversas técnicas, agrupadas em: 1) Nague-waza (técnicas de arremesso) – Ashi-waza (técnicas de perna), Te-waza (técnicas de braço), Koshi-waza (técnicas de quadril), Sutemi-waza (técnicas de sacrifício); 2) Katamewaza (técnicas de controle; combate no solo) – Ossae-waza (técnicas de imobilização), Shime-waza (técnicas de estrangulamento) e Kansetsu-waza (técnicas de chave articular) (MATSUMOTO, 1996). Porém conforme o estudo de Barsottini,Guimarães e Morais (2006), os profissionais do judô. vêm observando uma alteração crescente nas técnicas que tem gerado adaptações na biomecânica dos golpes. 
    Para o aprimoramento da técnica, Santos (1992) afirma que necessita de movimentos repetidos numa cadência rápida sobre um adversário estático. Essas repetições geram uma maior variação de técnica, que resultam por consequência em ippon   (FRANCHINI, STERKOWICZ, 2003). Porém os repetidos movimentos, como afirma Soares (2003), pode gerar lesões.
    Para evitar lesões, visando o aprimoramento das técnicas, é necessário realizar novos estudos, tendo em vista que a literatura ainda é escassa em relação ao assunto. Porém o número de adeptos, diferente dos estudos, vem crescendo, principalmente em idades púberes e pré-púberes. Esse fenômeno pode ter sido impulsionado pelas conquistas olímpicas (BARSOTTINI,GUIMARÃES,MORAIS, 2006).  




Referência

BARSOTTINI, D.; GUIMARÃES, A.E.; MORAIS, P.R. Relação entre técnicas e lesões em praticantes de judô. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.12, n.1, fev 2012.

FRANCHINI, E.;STERKOWICZ, S. Tática e técnica no judô de alto nível (1995-2001): considerações sobre as categorias de peso e os gêneros. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v.2, n.2, p.125-138, 2003.

SANTOS, S.G. A influência da prática do judô na postura de atletas dosexo masculino do estado do Paraná. Kinesis,v.1, n.10, p.123-141, 1992.

SOARES, S.T.M. Trabalho preventivo para lesões de ombro e cintura escapular e, atletas amadores de judô. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.11, n.1, p.29-34, jan 2003.





sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A importância da recepção no ataque do voleibol

A análise da performance desportiva no âmbito dos jogos coletivos, sustentada na interpretação de indicadores de rendimento, possibilita efetuar avaliações técnicas e táticas (HUGHES, 2004). Mesquita (2005) relata que os estudos mais recentes têm vindo a dar maior importância à dimensão tática no desempenho das equipes e dos jogadores. Fernandes e Moutinho (1996) afirmam que neste sentido, a análise da dinâmica funcional do jogo evidencia que os processos ofensivos assumem como determinantes no sucesso das equipes, não sendo o voleibol uma exceção.
Os processos ofensivos do voleibol iniciam-se na recepção, na qual a mesma possui a finalidade de se poder construir um ataque, apresentando características de carácter defensivo e de carácter ofensivo (DOTTAX, 1987). González et al (2002) afirmam que a recepção pode ser o primeiro procedimento na construção de uma jogada ofensiva. Concordando com os autores anteriores, Selinger (1986) trás a recepção como sendo o ponto de partida para o ataque. A recepção possui essa importância no ataque, pois segundo João (2004) uma recepção correta possibilita ao distribuidor (levantador) maior diversidade de opções para o passe, o que resulta numa maior vantagem para a construção do ataque.
No caso de uma recepção imperfeita, o distribuidor opta normalmente por soluções de menor risco (FRÕHNER, 1997). Para João (2004) a ocorrência de recepções fracas, produzem ataques de qualidade inferiores ao esperado. Em contrapartida, o autor afirma que quando a recepção é muito boa, a criação de oportunidades de elevada qualidade também é significativamente superior ao esperado. Ou seja, a obtenção de sucesso no ataque está dependendo da qualidade da recepção (ALBERDA, 1998).
Segundo Cavalheiro e Tavares (2003) a qualidade da recepção é decisiva para a qualidade do ataque.  João (2004) no seu estudo, afirma que uma recepção de excelente qualidade provoca efeito de ponto. Podemos concluir então, que a qualidade do primeiro toque (recepção) está ligada diretamente com o sucesso da finalização.



Referências

HUGHES, M. Performance analysis: a 2004 perspective. International Journal of Performance Analysis in Sport, Cardiff, v.4, p.103-9, 2004.

Alberda, J. (1998). Side Out - Regain the Serve to Score a Point!. The Coach, 3: 24- 30. Federation Internationale de Volleyball.

FERNANDES, S.; MOUTINHO, C. A importância relativa da eficiência dos procedimentos de jogo na prestação competitiva de uma equipa de voleibol de rendimento. In: MOUTINHO, C.; PINTO, D. (Ed.). Estudos CEJD1. Porto: FCDEFUP, 1996. p. 72-77.

Fröhner, B. (1997). Voleibol, Juegos para el entrenamiento. Argentina: Editorial Stadium. 
Garcia, D. (1998) Quelcom más que un defensor. 7 Voleibol nº 1, 17- 18.
MESQUITA, I. A contextualização do treino no Voleibol: a contribuição do construtivismo. In ARAÚJO, Duarte (Ed.). O Contexto da decisão: a acção táctica no desporto. Lisboa: Visão e Contextos, 2005. p. 355-378.

Dottax, D (1987) Volley-ball du smash au match. Editions Vigot, Paris

Gonzalez, C.; Urena, A.; Santos, J.A.; Llop, F. y Navarro, F. (2002). El Libero, análisis de las características de su juego en la competición de voleibol. Motricidad, 8, 141- 160.
Selinger, A. (1986). Power Volleyball._St. Martin's Press. New York
João, P. (2004). Efeitos da qualidade da recepção do serviço na efectividade do ataque. Estudo comparativo da prestação dos jogadores líbero e recebedores prioritários em equipas de elevado rendimento competitivo no voleibol. Tese apresentada às provas de Mestrado de Alto Rendimento no ramo de Ciência do Desporto. FCDEF-UP.

Cavalheiro, J. e Tavares, F. (2003). A influência da eficiência da manchete sobre a eficácia da recepção do serviço, no jogo de voleibol. In I. Mesquita; C. Moutinho e R. Faria (Eds). Investigação em Voleibol. Estudos Ibéricos: 262 – 279 FCDEF-UP.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A relação entre os esportes Paralímpicos e a Mídia

A relação entre os esportes Paralímpicos e a Mídia

O primeiro registro de esportes que incluíram pessoas com deficiência aconteceu em 1918, na Alemanha (MACHADO, 2012). Porém o autor afirma que a grande expansão ocorreu somente depois da Segunda Guerra Mundial, por conta do grande número de ex-combatentes que ficaram mutilados ou com lesões na coluna vertebral. Alguns desses ex-combatentes realizaram os primeiros jogos, que ocorreu em 1948, em Londres.
            Apesar de os esportes paralímpicos terem ganho diversos adeptos, e os jogos inúmeros competidores, alguns países, assim como o Brasil, encontram-se com problemas para o surgimento de novos talentos paralímpicos, tendo em vista que a divulgação desta forma de esporte ainda não é ideal, assim como a oferta de práticas (MARQUES et al, 2013). Os autores afirmam que o esporte paralímpico ainda não é usual no dia-a-dia o que dificulta atingir o interesse de novos atletas e da mídia. Os próprios atletas já praticantes mostram-se insatisfeitos com a divulgação midiática (MARQUES et al, 2014).
            Alguns autores julgam o esporte paralímpico como sendo de risco para a mídia, pois de acordo com Purdue e Howe (2012) seria uma dificuldade o público relacionar o esporte com o alto rendimento, devido a uma relação muito forte com a perspectiva da reabilitação e inclusão. Apesar de toda insatisfação, Marques et al (2014) mostram que alguns atletas manisfestam uma percepção otimista. Segundo Marques et al (2013) a visibilidade do movimento paralímpico cresceu após 2004, principalmente da mídia televisiva.
            Percebe-se que está realmente ocorrendo um avanço na relação dos esportes paralímpicos com a mídia, no momento em que a maior emissora do Brasil exerceu uma grande cobertura nos jogos de 2008, porém ainda através do seu canal por assinatura específico para esportes (MARQUES et al, 2013). No estudo de Marques et al, (2014) os atletas relatam que estão descontentes com a frequência da divulgação, além da denúncia de que, quando ela ocorre é de modo superficial, com foco em grandes eventos, ou apenas nos resultados positivos. Esse fato relatado pelos atletas ficou claro nos últimos jogos Parapan-Americanos 2015, no qual apenas os destaques foram divulgados, sendo que o Brasil foi o campeão da competição.



Referências

MACHADO, R.B. Paralimpíadas e Mídia: o crescimento das políticas de inclusão. Caderno de Comunicação, v.16, n.2, p.375-388, dez 2012.
MARQUES, R.F.R; GUTIERREZ, G.L.; ALMEIDA, M.A.B. et al. Mídia e o movimento Paralímpico no Brasil: relações sob o ponto de vista de dirigentes do Comitê Paralímpico Brasileiro. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.27, n.4, p.583-596, dez 2013.
MARQUES, R.F.R; GUTIERREZ, G.L.; ALMEIDA, M.A.B. et al. A abordagem midiática sobre o esporte paralímpico: o ponto de vista de atletas brasileiros. Revista Movimento, v.20, n.3, p.989-1015, set 2014.
PURDUE, D. E. J.; HOWE, P. D. See the sport, not the disability: exploing the Paralympic paradox. Qualitative research in sport, exercise and health, v.4, n.2, p.189-205, 2012.